“Você quer que eu meta a algema e te prenda naquela placa alí folgado? Você respeita a porra da polícia caralho!” áudio gravado pelo motoboy
Um motoboy acusa policiais militares de agressão após fazer uma entrega de pizza na noite de quinta-feira (30/12). Segundo Carlos Diego da Silva Sousa, 25 anos, ele deixava o Condomínio Total Ville, em Santa Maria, em direção à pizzaria em que trabalha, quando foi abordado por uma van oficial da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) com sete militares.
De acordo com o trabalhador, ele trafegava na velocidade da via no momento em que os militares deram ordem para ele parar no acostamento. Ao descer da moto, com as mãos na cabeça, Carlos conta que levou um chute de um dos militares para permanecer de pernas abertas. Ainda de acordo com informações, Carlos levou um soco nas costas.
“Vieram para cima de mim, para bater, mesmo. Eu não entendi aquilo, aquela abordagem fora do padrão. Mandaram eu colocar a mão na cabeça, abaixar a cabeça, ficar caladinho. ‘Se gritar, a gente vai te exterminar’, disseram”, lembra o motoboy.
Em áudio gravado pelo motoboy, é possível ouvir um dos militares pedindo para o entregador “respeitar a porra da polícia e ameaça-lo de algemar e prende-lo em uma placa.”
“Você quer que eu meta a algema e te prenda naquela placa alí folgado? Você respeita a porra da polícia caralho!” áudio gravado pelo motoboy
Carlos conta ainda que muito atordoado, voltou para casa, também em Santa Maria, para pedir ajuda. Familiares chamaram uma ambulância da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Veja vídeo:
Na mesma noite, Carlos e alguns parentes foram até o 26º Batalhão da Polícia Militar, em Santa Maria para identificar os PMs envolvidos. De acordo com o Boletim de Ocorrência, estavam na viatura 5 Sargentos e 2 Soldados.
O motoboy passou a madrugada no Hospital Regional de Santa Maria por causa de dores nas costas.
Justiça
Carlos registrou boletim de ocorrência, fez exame de corpo de delito, e deu entrada na corregedoria da PMDF a fim de que o caso seja apurado.
Decepção com a PMDF
“Eles me trataram como se eu fosse um vagabundo. Foi uma total decepção para mim”, lamenta o entregador. Desde 2017, Carlos estuda para realizar o sonho de se tornar policial militar do DF conforme mostra vídeo do seu canto de estudos em sua humilde residência.
O ganha pão do motoboy
Casado e pai de uma criança de apenas um ano de idade, Carlos contou ao Radar Santa Maria que tem passado dificuldades em casa. Que o trabalho de motoboy é a única forma de por comida e pagar as contas, porém, após o ocorrido, pensa em vender a moto e buscar outro ganha pão.
Quem tiver interesse em ajudar a família do Carlos, entre em contato pelos comentários dessa matéria. A família precisa de alimentos, roupinhas, leite e fraldas para o seu filho.
O que diz a PMDF
Em nota, a PMDF informou que:
“Os policiais militares que atenderam a ocorrência negam com veemência que, em momento algum, agrediram o motoboy. Ao contrário do que afirma o motoboy, o local da abordagem é bastante iluminado e bem movimentado. Os policiais relataram na ocorrência que o motoboy foi abordado por fazer uma ultrapassagem pela direita, no acostamento. Segundo o relato dos policiais, o motoboy estava alterado e pedindo para não ser abordado porque era trabalhador e estava atrasado para fazer uma entrega.
Os militares pediram para ele aguardar o preenchimento do auto de infração. O motoboy disse que não aguardaria porque a esposa ou o filho estaria passando mal. Os policiais explicaram que, caso ele tentasse se evadir do local, ele seria algemado para evitar a fuga. Depois de concluído o auto de infração, o motoboy foi liberado. Quase duas horas depois, os policiais que fizeram a abordagem souberam que o motoboy estava no 26º Batalhão alegando ter sido agredido pelos policiais. O motoboy disse que procurou atendimento do Samu e da 33ª Delegacia de Polícia.
Diante das denúncias, os próprios policiais orientaram o motoboy para procurar a Corregedoria da Polícia Militar“.